( Comparação entre um cérebro saudável, esquerda, e um afetado pelo mal de Alzheimer, direita. http://nososcachorros.blogspot.com.br/2010/11/mal-de-alzheimer-diagnostico-30-anos.html?m=1)
É muito comum nos depararmos com o mal de Alzheimer em nosso cotidiano, seja em filmes como "Para sempre Alice" ou vendo acontecer de perto com parentes ou conhecidos que tenham recebido esse diagnóstico. Entretanto, apesar dessa convivência próxima com a doença, poucas pessoas sabem o que ela realmente é. Essa ignorância faz pensar que a doença se restringe a perda de memória e esse erro pode levar ao diagnóstico equivocado, pois a doença não se restringe somente a esse sintoma e também não é a única a causá-lo.
Para que possa esclarecer esse possível equívoco sobre a doença, explicarei como ela se desenvolve e o que é atingido por ela. O Alzheimer se trata de uma patologia que possui um desenvolvimento lentamente progressivo, causa uma perda gradual de massa cerebral, o que ocasiona na morte de células nervosas, explicando as perdas de funções cerebrais.
Uma das funções que são perdidas com o avanço da doença é a capacidade de associar lugares a certas memórias - o que ajuda na recordação de fatos em geral. Essa função é desempenhada por uma região do cérebro chamada córtex entorrinal e é uma das primeiras partes a sofrerem as consequências degenerativas dessa condição, por isso essa capacidade de associação é uma das primeiras a serem perdidas em indivíduos com a doença.
Com o avanço do Alzheimer, outras regiões temporais atrofiam, principalmente a região do hipocampo (responsável pela fixação da memória), por isso pacientes enfermos possuem maior dificuldade com lembranças, tornando-se sintoma característico da doença, a perda de memória. Essa perda de células nervosas, o atrofiamento, se dá pelo acúmulo de proteínas anormais no cérebro, comprometendo as sinapses (nome dado à ligação entre neurônios), com isso a perda de capacidade cognitiva. Entretanto a doença não se restringe a isso.
A evolução da doença é categorizada em estágios, no qual o mais leve se dá pela dificuldade de lembrar acontecimentos recentes, enquanto o estágio moderado é quando o indivíduo perde funções de orientação no tempo e espaço. O estágio mais avançado caracteriza-se por alterações no comportamento, podendo manifestar-se como apatia, ansiedade, agitação ou depressão, além de sintomas motores em que o paciente tem perda de funcionalidade e dificuldades em manter diálogos, podendo até ficar em estado letárgico. Por isso, podemos definir o mal de Alzheimer como uma deterioração cognitiva, comportamental e motora.
Uma vez com o funcionamento da doença explicado, fica a dúvida do que causa a doença. Apesar de existir uma predisposição genética, em que há a ocorrência de um gene que eleva o risco do indivíduo à doença, esses casos são a minoria. Então a dúvida da causa da doença perturba ainda pesquisadores, pois é ainda desconhecida.
São conhecidas, contudo, formas de prevenção, como uma alimentação saudável (importante a participação da vitamina B12); exercícios físicos, uma vez que melhoram a circulação sanguínea cerebral; exercícios mentais, como palavras cruzadas e quebra-cabeça; manter a mente ativa com trabalho ou hobbies, por exemplo; evitar o tabagismo pois ele reduz a circulação cerebral e também evitar condições que prejudiquem os vasos, como a obesidade e o colesterol.
Infelizmente ainda não há cura e nem um tratamento próprio para o mal de Alzheimer, porém existem alguns avanços nas pesquisas que podem melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Um grupo de pesquisadores de Massachussets Institute Of Technology (MIT) trabalham com um modo de recuperar memórias perdidas através de uma tecnologia chamada optogenética. Seu funcionamento constitui pela inserção de um vírus que modifica certos neurônios para criarem proteínas sensíveis à luz que, quando ativadas, recuperariam memórias perdidas. A técnica foi testada em ratos e obteve sucesso.
Outra esperança para os pacientes é através do uso medicinal da planta Cannabis sativa. Existem vários estudos que mostram um efeito neuroprotetor. O uso do princípio ativo canabidiol, contido nas folhas e inflorescências da planta, provoca um efeito anti-inflamatório e que protege os neurônios de lesões, sendo benéfico não somente aos pacientes de Alzheimer como de Parkinson e outras doenças neurodegenerativas.
( Planta Cannabis sativa, popularmente conhecida como maconha. http://www.semente-de-maconha.com/?m=1)
Outro benefício da maconha é que quando administrado em doses adequadas provoca a neurogênese (crescimento neuronal), evitando a perda de massa cerebral. Entretanto tais benefícios ainda não são comprovados pois só foram feitos testes em animais e in vitro, devido à proibição da droga, impossibilitando testes em humanos.
Apesar de pouco conhecida a causa da doença, pode-se estar perto de um tratamento e com essa aproximação, pode-se pensar na possibilidade de cura, algo que não parece estar tão distante.
Por: Giovana Lopes
Fontes:
Revista "O mundo secreto do cérebro"
ano 1 - n° 2 - 2016
Revista "Ler & Saber Mais - Turbine sua Memória"
ano 1 - n°1 - 2015
Revista "Exercícios Contra Alzheimer"
ano 1 - n° 1 - 2015
Revista "Scientific American Brasil"
ano 14 - n° 165
Revista "Segredos da Mente Especial"
ano 2 - n° 3 - 2015
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